ITAGUAÇU-ES


A foto foi batida a uns sessenta  metros da ponte mais ou menos.

 

Um importante relato da época, por Norberto Aurich

...Dá clara idéia da Itaguaçu que conheci tão logo cheguei aí (junho de 1944). Em primeiro plano aparece a casa onde moraram os irmãos Alfredo e Abílio, dois mulatos e mais a sobrinha Maria da Glória, uma mulata formosa.  À esquerda da cabeceira da ponte o terreno vazio, onde foi construída a loja de Otávio Coser (hoje não mais existe o prédio). À direita, um galpão, onde não raras vezes se hospedavam passantes, principalmente um mendigo cujo carro era puxado por carneiro. Mas tudo isto já vai para mais de 50 anos.

A foto foi batida a uns sessenta  metros da ponte mais ou menos. Com certeza o rio estava vazio (período de seca).  Em períodos de seca, ele tinha 12 metros de largura e 1,20 metros de profundidade em média. Quando cheio, o rio tomava a cidade inteira, tomando todas as ruas de então e os pastos (hoje ocupados por novas ruas), indo até o "pé" do monte  onde está a igreja. 

A altura, olhando-se de cima da ponte, era aproximadamente a mesma de hoje. Ponte de madeira, substituída pela de concreto em meados da década de cinqüenta. Era sobre a ponte que a gente ia curtir a brisa nas noites de verão. Sobre o rio ainda: era piscoso e pegávamos lambari, acará (cará), traíra, mandi, peixe-flor, bocarra, bagre, entre outros. Na fazenda de Henrique Bucher, hoje de Gersino Coser, pegava-se piau abaixo do açude. Acontecia, às vezes, de fisgarmos um ou outro cágado. 

No córrego do Barro Preto, cansei de tirar cascudo (acari) da toca, com a mão, em companhia de João Walmiro Alves, irmão de Ademir Alves. E éramos apenas crianças. Havia pescadores famosos, entre eles o senhor Taíco, escrivão de polícia. Até 1945 e pouco mais, vi cerca de duas dezenas de capivaras saindo da fazenda do senhor Valério Coser, O senhor Valério era uma pessoa maravilhosa, sempre sorridente. 

 Em 1950 (lembro-me bem o ano), indo  em direção à fazenda dos Bucher (Fazenda Progresso) em companhia de adultos, encontramo-nos com um grupo de caçadores que trazia uma capivara morta. Era enorme. De Zé Pim, motorista da prefeitura, ouvi claramente: "esta é a última capivara do município". 
 

Relato enviado gentilmente por:
 Norberto Aurich
(12/06/2004/)

 

José Maria Gobbo

     

Vitória-ES