Na trilha dos Imigrantes italianos

 

A estrada ES – 080 “Bernardino Monteiro” tem o mesmo traçado da trilha por onde transitaram os primeiros imigrantes italianos em direção ao antigo Núcleo Timbuhy, onde fundaram a cidade de Santa Teresa, considerada a primeira cidade italiana do Brasil.

A reabertura da estrada foi realizada durante o governo de Bernardino Monteiro (1916-1920) para que pequenos caminhões transportassem o café produzido pelos colonos de Santa Teresa até o porto de Santa Leopoldina. Até então, esse translado era feito por tropeiros. A obra demonstra a importância econômica da região naquela época, que recebeu infra-estrutura para tráfego de veículos antes mesmo de Vitória.

O historiador José Schayder, no livro História do Espírito Santo, relata que o governador Florentino Ávidos, utilizando mão-de-obra de presidiários, fez essa e outras estradas. “Antes mesmo que Vitória tivesse automóveis, pequenos caminhões trafegavam por essa via, transportando café até o porto de Cachoeiro, no Rio Santa Maria”.Ao todo são 28 quilômetros de distância entre vales e montanhas.

Logo na saída de Santa Leopoldina as marcas da antiga estrada são um atrativo à parte. É o trecho mais íngreme do percurso, que ainda guarda o calçamento de pedras do tempo dos tropeiros, margeando o Rio Santa Maria e em meio a uma pequena floresta, com um belíssimo panorama da cidade de Santa Leopoldina, até alcançar a estrada principal.

Logo a frente o Rio da Prata, uma pequena vila, com escola, igreja, pousadas e sítios, no quilômetro seis. Pela estrada margeada por florestas que oferecem uma sombra refrescante na maior parte do trajeto, cortado pelo rio e várias nascentes.

Após dez quilômetros de percurso, o vale entrecortado pela estrada e a belíssima cachoeira Véu de Noiva, um presente da natureza em meio à floresta, já descrito por Graça Aranha, no livro “Canaã”, e por Virgínia Tamanini, no romance “Karina”.

A partir desse ponto, a estrada se torna mais plana e la pode-se ver o casarão da família Pitol. A casa, construída no início do século passado, chama atenção pela sua peculiar arquitetura. Logo a frente a Igreja de Nossa Senhora, em Chaves, próximo do marco que divide os dois municípios (14km).

A partir da divisa (16km), o percurso é, em sua maior parte, constituído de suaves descidas na Penha, onde termina o trecho em estrada de chão, de 22 quilômetros. Nesse local, também conhecido como Valsugana Velha, localizavam-se os lotes dos primeiros colonos italianos de Santa Teresa.

Pelo asfalto em frente pode-se ver a residência do governador (25km) e logo se chega ao centro da cidade de Santa Tereza.